domingo, agosto 12, 2007

Frieza (Florbela Espanca)



Os teus olhos são frios como as espadas,
E claros como os trágicos punhais,
Têm brilhos cortantes de metais
E fulgores de lâminas geladas.





Vejo neles imagens retratadas
De abandonos cruéis e desliais,
Fantásticos desejos irreais,
E todo o oiro e o sol das madrugadas!





Mas não te invejo essa indifrença,
Que viver neste mundo sem amar
É pior que ser cego de nascença!





Tu invejas a dor que vive em mim!
E quantas vezes dirás a soluçar:
"Ah, quem me dera, Irmã, amar assim!..."