sábado, abril 26, 2008

A humilde lição que Aprendi

Nunca se sabe quando o pensamento vem claro até nós. O que o tempo nos ensina, tantas vezes, é que tudo se assemelha a areias movediças de formas diferentemente constantes, os segundos são arranjos de situações inesperadas e nunca calculadas e tudo parece um golpe de probabilidade aleatória, demasiado assustadora para que nos possamos debruçar convenientemente, sem fugir a sete pés. A verdade, claro está, é que por mais que as circunstâncias e suas conjecturas "adornem" o que nos chegua até à palma da mão, em ultmima instância é o nosso livre arbítrio que determina o que nos é dado. Como diz a minha Mariana, é infeliz quem o quer ser, a vida é miserável para quem a quer miserável...nem mais!
Com 18 anos feitos, tenho sempre comigo esta tendência melancólica e uma mordaça que me prende a vista e as mãos: não sei ver quem sou. Aos espelhos que o meu reflexo se mostra, vejo-me sempre digna de tão pouco, como se só a miséria fosse bem vinda...fui aprendendo a gostar da pena que sinto por mim e de sobreviver no desespero. De auto-estima pouco tenho e por me ver sempre este esboço riscado, não serve rigorosamente de nada as palavras de animo alheias, porque por mais verdadeiras que possam ser, simplesmente nunca as enxergo como honestas. Assim, habituei-me a esta identidade de menina frágil, desajeitada, gorda e feia, que sempre chora caso algo fuja do esperado. Aos 18 anos, é ainda aqui que estou, pairando e "Chafurdando em auto-comiseração", por isso, ainda hoje chorei, ainda hoje pedi não existir, desejei definhar e acreditar que da minha ausência ninguém notaria. Aparentemente, não há nada mais que me satisfaça. E sou "parva", como ainda hoje o meu pai mo disse, fiz um grande favor em deixar o Pedro, pois "assim como és Ana, não há quem aguente!"...Talvez. Sei que o diz porque me quer ver como o copo inquebrável e racional que é...Não sei se alguma vez o serei e suponho que a questão nem seja bem essa, mas sim se o quero ser...com isso preocupar-me-ei depois, eventualmente deixarei de ser tão perecível, uma coisa de cada vez certo? Como diz a Cátia, não posso querer subir a escadaria de um só folgo, sem passar por cada um dos degraus. Chegamos à primeira lição humilde do dia: Tenho de aprender a ser paciente, serenamente paciente. Vai custar, mas tem de ser. Vamos lá, um dia de cada vez...
Ainda assim, o que de mais importante me aterrou como óbvio aos pés, enquanto cambaleava por Algés, ainda embebida em lágrimas, foi que a grande responsável pelo fim da relação com a pessoa que mais amei, e eventualmente a única que amarei tanto, fui eu! Não o digo na minha qualidade de atracção pelo sofrimento e mutilação, mas na forma mais objectiva e sem anestesia que o posso fazer. Boicotei o que de melhor tinha na minha vida, pelo simples facto de não me achar suficientemente digna para tal, pelo simples facto de me achar despresível. Sei que grande parte do tempo não o fiz conscientemente, mas sei hoje que o fiz. E por isso, surgiu toda a insegurança que aumentava com as coisas mais banais: como mensagens não respondidas no segundo exacto. Veio, então, por associação, a necessidade de demonstrações exurbitantes de afecto que logicamente nem sempre se podem dar, caso contrário é estar a exigir demais. Não é porque as pessoas não nos amam da forma que queremos, que significa que não nos amem com tudo o que podem. Ora, eu era incapaz de entender isso.
A verdade é mesmo esta: é URGENTE gostarmos de nós mesmos, para podermos ser amados!
Tenho consciencia que aperceber-me de tudo hoje, com 18 anos feitos, não é mau de todo...há quem passe uma vida inteira sem o admitir...a questão foi que pela minha inexistência de amor próprio perdi quem de mais importante tinha na vida: O Pedro. Dói, dói muito, demais para o poder quantificar...crescer dói. Talvez agora seja tarde demais...sei que sempre me vai doer o ter deixado ir, pois que ele é...ele é MUITO. Mas sei que é disso que tenho de fugir: dos pensamentos que me levam à saudade e desespero, às noites mal dormidas...Tenho quem precise de mim, neste momento, e assim como estou não ajudo ninguém. Lá vem de novo a paciência, uma coisa de cada vez..agora é olhar-me e descobrir o que os outros de bom vêem em mim, amar-me, depois acolher quem está gritando por ajuda e eu quero acudir e não tenho tido como..
Depois, se o universo me perdoar, talvez, quem sabe...talvez um dia...

("Le Moulin"- Yann Tiersen- Vídeo retirado do YouTube)

quinta-feira, abril 17, 2008

Littlest Things

Sometimes i find myself sittin' back and reminscing
Especially when i have to watch other people kissin'
And i remember when you started callin' me your miss's
All the play fightin', all the flirtatious disses
Id tell you sad stories about my childhood
I dont know why i trusted you but i knew that i could
We'd spend the whole weekend lying in our own dirt
I was just so happy in your boxers and your t-shirt

Dreams, Dreams
Of when we had just started things
Dreams of you and me
It seems, It seems
That i cant shake those memories
I wonder if you have the same dreams too.

The littlest things that take me there
I know it sounds lame but its so true
I know its not right, but it seems unfair
That the things are reminding me of you
Sometimes i wish we could just pretend
Even if for only one weekend
So come on, Tell me
Is this the end?

Drinkin' tea in bed
Watching DVD's
When i discovered all your dirty grotty magazines
You take me out shopping and all we'd buy is trainers
As if we ever needed anything to entertain us
the first time that you introduced me to your friends
and you could tell i was nervous, so you held my hand
when i was feeling down, you made that face you do
there's no one in the world that could replace you

Dreams, Dreams
Of when we had just started things
Dreams of me and you
It seems, It seems
That i cant shake those memories
I wonder if you feel the same way too

The littlest things that take me there
I know it sounds lame but its so true
I know its not right, but it seems unfair
That things are reminding me of you
Sometimes i wish we could just pretend
Even if for only one weekend
So come on, Tell me
Is this the end?


Queria recostar a minha cabeça sobre o teu colo e ouvir-te vivendo pelo bater do coração (tão próximo que seria!); queria um beijo nos meus lábios ardentes, como me dizendo que amanhã também vens, então um "também te amo" subentendido seria.

A minha nuvem fechada levaram-na e nem para passarolas erguer serviu... Oh, já ía arranhada, coxa e maneta e se Deus também não tem a mão esquerda, cá na terra não se querem vontades assim.

Eu tinha-a aqui pelo peito, bem guardada e protegida por ti. Um dia, dei um trambolhão, tu foste-te embora e a minha vontade rachou! Os dias e os tempos passaram, ela sempre de gretas novas, ai que frio que me dava! Chegou o dia em que disseste "Não!" e ela foi chorando para nunca mais voltar. Se tenho frio agora? Não. Agora, já não há mais para viver. Foste-te, foi-se a vontade. Mais nada.

quarta-feira, abril 16, 2008


"O homem primeiro tropeça, depois anda, depois corre, um dia voará"






"(...) os homens são anjos nascidos sem asas, é o que há de mais bonito, nascer sem asas e fazê-las crescer, isso mesmo fizemos com o cérebro, se a ele fizemos, a elas faremos (...)"






" O tempo, ás vezes, parece não passar, é como uma andorinha que faz o ninho no beiral, sai e entra, vai e vem, mas sempre à nossa vista, julgaríamos, nós e ela, que iriamos ficar assim a eternidade, ou metade dela, o que já não seria mau. Mas, de repente, estava e já não está, mesmo agora a vi, onde é que se meteu, e se temos à mão um espelho, Jesus, como o tempo passou, como eu me tornei velho, ainda ontem era a flor do bairro, e hoje nem bairro nem flor. Baltasar não tem espelhos, a não ser estes nossos olhos que o estão a ver descer o caminho lamacento para a vila, e eles são que lhe dizem, Tens a barba cheia de brancas, Baltasar, tens a testa carregada de rugas,Baltasar, tens encorreado o pescoço, Baltasar, já te descaem os ombros, Baltasar, nem pareces o mesmo homem, Baltasar, mas isto é certamente defeito dos olhos que usamos, porque aí vem justamente uma mulher, e onde nós víamos um homem velho, vê ela um homem novo, o soldado a quem perguntou um dia, Que nome é o seu, ou nem sequer a esse vê, apenas a este homem que desce, sujo, canoso e maneta, Sete-Sóis de alcunha, se a merece tanta canseira, mas é um constante sol para esta mulher, não por sempre brilhar, mas por existir tanto, escondido de nuvens, tapado de eclipses, mas vivo, Santo Deus, e abre-lhe os braços, quem, abre-os ele a ela, abre-os ela a ele, ambos, são o escândalo da vila de Mafra, agarram-se assim um ao outro na praça pública, e com idade de sobra, talvez seja porque nunca tiveram filhos, talvez porque se vejam mais novos do que são, pobres cegos, ou porventura serão estes os únicos seres humanos que como são se vêem, é esse o modo mais difícil de se ver, agora que eles estão juntos até os nosso olhos foram capazes de perceber que se tornaram belos."


Excertos retirados do Memorial do Convento, de José Saramago.


Viessem Baltasar e Blimunda perguntar se hoje voamos, viessem eles cheios de sonhos e de vontades, viessem com esse amor de corar Mafra inteira e quem diz Mafra, diz todo o Portugal e, quem sabe, se não o mundo todo...Que não viessem Eles! O maior "ai!" das desgraças, dizer-lhes que hoje, antes de voar, há que sonhar; há que lembrar o saber sonhar...

Olha-los-íamos no soslaio olhar de desejo e pensar: "Raios! Soubesse eu ser-lhes igual...soubesse eu amar assim...", enquanto, por despeito, lhes viraríamos as costas, negando-lhes a presença de existência, porque longe da vista, longe do coração, e quanto mais Baltasar e Blimunda forem personagens de um memorial, mais somos livres de viver sem "vontade".






quarta-feira, abril 02, 2008

Sweeney Todd-Johanna II

"Goodbye, Johanna
You're gone, and yet you're mine
I'm fine, Johanna, I'm fine"


"You stay, Johanna
Johanna
The way I dreamed you were
Oh look, Johanna, a star
Buried sweetly in your yellow hair
A shooting star"

"And though I'll think of you I guess, until the day I die,
I think I miss you less and less as every day goes by
Johanna"

"If only angels could prevail we'd be the way we were
Johanna"