domingo, fevereiro 18, 2007

O que me apetece dizer...




Estou aqui à tua espera, sabe-lo bem! Sabes também que o tempo não me assusta, nem nas suas vestes de caveira, nem no seu ultimato de morte, estou sempre neste Amor Eterno! Sabes que te amo, sabes que só me resta um esboço de existência na tua ausência...Sabes que nesta minha maneira complicada de escrever, na minha trapalhice em falar, sabes que o que te quero falar é que te AMO tanto e para além da minha vida, que, sim, não vivo sem ti! Sabes, não sabes?


Tenho Saudades, mas nem as lágrimas da distância dissipam o teu sorriso de mim...

sábado, fevereiro 17, 2007

O prédio (I)


Mudara-se não faz muito tempo, não tanto por vontade, mas antes por obrigatoriedade, a tal obrigatoriedade que o fazia acordar celeradamente todas as manhãs, pela alvorada, aquele mesmo ímpeto com que mecanicamente abria a porta do carro para depois se fachar num escritório. Mudara-se por aversão aos quilómetros, pelo prejuízo na gasolina, pelo acréscimo de vocábulos pejorativos, enquanto esperava impacientemente numa recta de trânsito (sem princípio nem fim).
A habitação até era simpática, um pacato prédio situado nos arredores de Lisboa que o permitia estar a pouca distância de tudo, ou melhor, de quase tudo. Um segundo andar direito, foi esta a morada que lhe coube. No primeiro dia em que se instalara convenientemente, conheceu Dona Alinda, senhoria do prédio, mulher dos seus setenta e tais, de perfil atarracado, com umas mãos que acusavam a artrose de longos anos. Rapidamente se apercebeu que conquistar a bondade da senhoria seria imprescindível se quisesse permanecer na sua serenidade; a mulher sabia de tudo e todos naquele prédio e acaso os moradores não preenchessem os requisitos necessários, então metia a mão na anca, aguçava a garganta e a rixa só findava no momento em que nenhum vestígio sobrasse do maldito demónio, como costumava referir. Ficou a saber que, acerca de dois anos, teve ocasião de lá murar um jovem universitário que estudava para veterinária. O rapaz era muito avivado, característica que logo identificou D. Alinda e que depressa lhe fez torcer o nariz e rezar três Ave Marias pela sua"alma desgraçada"; usava um piercing na sobrancelha e gostava de música barulhenta, chegava tarde e a más horas, incomodando-lhe o sono (ou ressonar), a cada dia era uma rapariga nova, todas elas de trajes despenados. A situação desgostava a mulher, cuja mentalidade estagnara desde a altura em que em menina ainda brincava no campo, e sem meias medidas determina a expulsão do moço. É claro que o rapaz não se manteve impávido perante tal decisão, alegou que com a renda sempre paga a cada mês ninguém o poderia tirar dali. Seguiram-se discussões atrás de discussões, quase intermináveis não fosse o estudante ter o infortúnio de lhe dizer que esta era pior que os porcos que estava habituado a tratar e que nem as vacas faziam tanto barulho quando era necessário vaciná-las, quanto ela a gritar. Foi então que D. Alinda arregaçou as mangas, pôs a mão na anca, pegou na vassoura e numa expressão, que dita entre os soluços nervosos, "vais ver se não te apanho meu menino", desatou a correr atrás do desgraçado que nunca mais apareceu se não para retirar os seus pertences, actividade que foi supervisionada pela mulher, pois que afirmava que "com estes não há que fiar". Contudo, os anos levaram-lhe o marido trabalhador e trouxeram-lhe uma reforma mísera que a forçava a aceitar todo e qualquer "mafarrico". Era o caso dos "honrosos" vizinhos do 1º Direito, um casal jovem, apologista de uma vida mundana e leviana e com uma relação um tanto ao quanto controversa. As discussões entre ambas eram dignas de uma novela mexicana: ouvia-se gritos, insultos, desaforos perdidos, choros compulsivos, a materialização de toda a erupção da cena para a porta que a muito custo lá ia se mantendo de pé, um "sai da minha vida", depois um sonoro "Odeio-te!", para depois e tão inexplicavelmente como a briga havia começado, caírem nos braços um do outro num Amor que só visto! O espectáculo cessava com os gestos de desaprovação de D. Alina, que entre outras coisas ia murmurando "aqueles os dois ainda dão cabe de mim, valha me Nossa Senhora!".

Como meio de assinar um tratado de tréguas com a Senhoria, antes que se tornasse imprescindível, Amadeu tratava de sempre cair-lhe nas boas graças. Para isso era fundamental nunca esquecer o "Bom dia", mostrar sempre e a qualquer custo um sorriso, mesmo que o tema de conversa fosse as novas peripécias da novela das nove, jamais hesitar os naprons que lhe oferecia, pois faze-lo seria provocar-lhe um ataque de asma nervoso e proclamar o inicio da terceira guerra mundial. Ter tudo isto sob controlo e sairia ileso!

Mas foi o que havia sucedido na semana passada que o havia trazido a eterna paz; devido a uma ventania tumultuosa, a TV da D. Alina estragara-se no instante mais desapropriado. Eram nove horas. A santíssima novela havia começado e D.Alina furtada do seu mais que tudo! Quando Amadeu chegou, viu-a numa tristeza imensa, quase podia jurar que a pobre coitada havia de cair do vão de escada, por isso correu a seu alcance. A meio fôlego, ela lá lhe revelou a desgraça, arregalando os olhos em pedido de desespero. A cena era digna de tragédia, mas escrita em tom de comédia e tentando não mostrar toda a ridiculariedade de tudo aquilo lá se ofereceu para concertar o aparelho. Doravante, Amadeu era mais que o vizinho, havia-se tornado "no rico menino" de D. Alina.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Obrigada!




Hoje não ganhei uma Rosa...Ganhei sim, mas não foi hoje! Ganhei-te numa tarde bela e abençoada que sorria, ganhei-te para sempre! Não ganhei a lotaria, ganhei o que de melhor se podia gamhar, ganhei-te!

Agora!






Sem rodeios, sem floreados metafóricos, sem comparações e personificações vanguardista (ou eruditas), digo: Hoje sinto-me Triste! e se há pecado nisso, então deixai-me no mais fundo do quinto dos infernos...Deixo o paraíso aos mais crentes.


E se estou triste, estou triste, e se sou melancólica, sou melancólica, e se me olham como um poço de amarguras, prometo escavar mais fundo, para que ao me espreitarem vejam tudo quanto não sou...prometo! E hoje, sim, estou triste!


A febre que me toma o corpo, que me torna sombra indolente e rastejante, lança-me num mar de embriaguez, onde flutuo sobre o mais fino e quebradiço grão de vida. As palavras, essas palavras não faladas, palavras soluçadas, que se contorcem por sair num exacto instante, que se projectam num grito exausto, são palavras de uma mente que não sabe satisfazer uma realidade lisa e impávida. Deitar-me? Deito-me. Eis os pensamentos em eterno rodopio, misturam-se em memórias cruéis que ao fechar as pálpebras, tomam o sinal e puxam o gatilho do pesadelo. Então vou permanecer estática; então? Hoje estou triste!


Mas, se hoje digo o que somente se concretiza num exacto momento, se falo honrosamente na palavra "verdade", a verdade é que essa febre, esse delírio e dilúvio não existem, por alguma razão permaneço conscientemente escrevendo um "ode" a um sentimento, que verdade seja dita, não é de todo tão magnânimo...Pois que não seja, que venha apenas em pequenas porções, se o sinto, sinto...sofrer também é um sufrágio universal e hoje, Hoje é um daqueles e particulares tempos em que não concorro à abstinência!




terça-feira, fevereiro 06, 2007

Soneto do AMOR TOTAL












Amo-te tanto meu amor... não cantes


O humano coração com mais verdade...


Amo-te como amigo e como amante


Numa sempre diversa realidade.





Amo-te enfim, de um calmo amor prestante


E amo-te além, presente na saudade.


Amo-te, enfim, com grande liberdade


Dentro da eternidade e a cada instante.





Amo-te como um bicho, simplesmente


De um amor sem mistério e sem virtude


Com um desejo maciço e permanente.


E de te amar assim, muito e amiúde


É que um dia em teu corpo de repente


Hei de morrer de amar mais do que pude.





Escrito por Vinicius de Morais, para um tempo futuro que agora se fez presente; adivinhou-me as palavras, antes que tas pudesse dizer...

Eterno






Sabia do Tempo como sagaz contador da existência;na ampulheta da vida, escorrem os grãos de areia, finitos grãos de areia, que juntos fazem o rebordo de uma vida, da minha...O Tempo sabe que se o contar fosse feito por cada um, muitos seriam os grãos usados, mas poucos os utilizadores; a areia que escorre é o tempo contado de uma bênção verdadeira: somos um joker num imenso baralho de cartas que nunca chegaram à grande mesa!
Meu Joker escorreu da manga de um grande ilusionista, erro tremendo, só ele não sabia, ou assim julgava eu; pôr neste jogo trivial tão ignóbil carta, é arriscado de mais. Ficando ciente deste fatídico acto insano, quis por fim à minha jogada, perder-me do baralho, ser carta jogada sem mais jogadas. Mas, o ilusionista tem mais truques na manga, adivinhando-me, lança-me diante a carta inegável que escorre em todas as ampulhetas: fez me amar! E amar é fácil, amar não custa, amar pode ser tão simples quanto respirar, mas é amar-te assim, é seres Tu de entre todas as cartas do Universo que torna Amar na mais bonita forma de vencer o tempo: torna amar numa eternidade!




Desculpa, mas não consigo não te escrever nada, é mais forte que eu!








quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Sem o que dizer...

Estes últimos tempos têm sido frenéticos, bastava os dias passarem a ter 48 horas e eu seria feliz (isto no sentido de poder fazer tudo quanto planeio, porque noutros aspectos sou bastante feliz, se não a mais feliz...).
Como de costume, e como confirma a minha humilde existência de aluna, os testes são marcados às cavalitas uns dos outros, por mais que os períodos alarguem ou encolham, o que significa uma divisão ajustada do tempo por todas as disciplinas, tarefa a qual eu não é o meu forte. Conclusão, no final desta maratona de estudo vou parecer um "zombi" anémico, picado pela mosca de tsé-tsé! No entanto, e como há que sempre ver o lado bom das coisas (outra tarefa para a qual não tenho muita aptidão, tendo mais para o pessimismo), a verdade é que ao terminar serei intelectualmente mais rica, se não vejamos:




  • Filosofia: Aprendi que a retórica surgiu no século V a.C. na Grécia, adquirindo maior importância em Atenas, onde a Democracia mais se popularizou. Em consequência surgiram os sofistas, auto intitulados como "mestres do saber", que ensinavam a oratória (arte de bem falar), ou seja a retórica. Os sofistas davam maior importância à forma do discurso do que às ideias nele contido, o que os levava a construir discursos vazios. Surgem então dois filósofos que se opuseram contra a doutrina dos sofistas, foram eles Sócrates e Platão. Contestaram a concepção de verdade( a verdade deveria ser absoluta, universal e eterna), o sistema político(a cidade devia ser governada por um "filósofo-rei) e o modo de ensino(deveria se apostar no culto da alma, ou seja a procura da sabedoria e verdade, através da dialéctica ascendente)...O que eu poderia dizer sobre o que aprendi, mas não me vou estender mais.

  • Biologia: Existem dois modelos que pretende explicar a evolução de células procarioticas para eucarioticas: O modelo Autogénico e Endossimbiótico. O primeiro defende que o sistema endomembranar, os cloroplastos e as mitocôndrias surgiram por invaginações da membrana plasmática e o segundo distingue-se deste pelo facto de considerar que os cloroplastos e mitocôndrias provêm de seres procariontes que foram integrados na célula por relações de simbiose, que se foram tornando tão necessárias aos dois organismos até ao ponto de um não viver sem o outro. O mais consensual é o Modelo Endossimbiótico. Lamark foi um importante evolucionista, embora a teoria hoje aceite seja a de Darwin. Lamark acreditava que para se adaptarem ao ambiente os seres vivos desenvolviam mais certos órgãos em detrimento de outros, passando depois estas características á descendência, o que significaria, por exemplo que as girafas têm um pescoço tão cumprido pelo esforço de o esticar. A unidade de evolução é a população e não o indivíduo, etc...

  • Geologia: As barragens não constituem soluções viáveis pois diminuem a quantidade de sedimentos que chegam à foz de um rio, o que trará consequências negativas, entre elas o recuo da costa; As rochas sofrem meteorização, química e física, e só depois erosão; a meteorização física ou mecânica ocorre por: termoclastia, haloclastia, crioclastia, acção dos seres vivos, acção da água, alívio de pressão (diáclases ou disjunções esferoidais); o mineral mais duro é o diamante; uma substância só é um mineral se: for sólido, inorgânico, natural, de estrutura cristalina, com composição química bem definida ou variável em certos limites; substâncias que reúnam todas estas características mas não possuam uma estrutura cristalina são chamados mineralóides, é o caso da opala, etc...

  • Física: O som propaga-se por ondas mecânicas e longitudinais; as ondas electromagnéticas propagam-se todas à velocidade da luz, sendo vibrações causadas por alterações nos campos magnéticos e eléctricos. O vector campo magnético é sempre orientado de sul para norte; o fluxo magnético é fechado; a alteração num campo magnético gera um campo eléctrico e vice-versa, por exemplo quando se faz circular uma corrente eléctrica numa bobina, gera-se um campo magnético que ao ser alterado pelo movimento de aproximação ou afastamento de um íman, se altera e faz variar a tensão nos terminais da corrente, gerando uma força electromotriz induzida; se o vector campo magnético que atravessa uma espira fizer um ângulo de 90º com a normal ao plano, então o fluxo magnético é nulo. Para transmitir sinais a longas distâncias recorre-se à modelação de ondas sonoras em ondas electromagnéticas, sendo essa modulação feita em amplitude (AM) ou frequência (FM); Quando uma onda incide numa superfície, essa mesma onda pode ser reflectida, absorvida ou refractada; ao ser refractada a onda altera a sua velocidade, trajecto e comprimento de onda; quando a onda incidente faz com a normal do plano certo ângulo que faz com que o ângulo de refracção seja de 90º, então a partir daqui se o ângulo de incidência aumentar ocorre a reflexão total, que é o que acontece nas fibras ópticas, utilizadas por exemplo em medicina em exames como a endoscopia. Um sinal analógico é uma função contínua no tempo, enquanto que um sinal analógico é uma função descontínua, sendo composta por um código binário; assim, enquanto um sinal analógico é transmitindo pela propagação de ondas electromagnéticas, que assim ficam sujeitas às distorções externas (como as más condições atmosféricas), um sinal digital propaga-se por pulsos eléctricos, sendo assim mais resistentes às distorções, etc.


Tendo em conta que não escrevi tudo quanto aprendi, já é alguma coisinha não é?



Se eu votasse...







Ao longo destes últimos tempos, e com o referendo a chegar às portas, o assunto da ordem do dia é o aborto. Este tópico, que vive de muita controvérsia, move verdadeiras multidões; todos têm uma opinião, todos, de forma muito imperialista, defende de unhas e dentes os argumentos que justificam a sua posição...ora a questão assenta exactamente no pronome possessivo feminino da oração anterior (sua), é que quando se delibera em questões que afectam não apenas a nossa individualidade, mas também a de outrem, há que deixar de lado o nosso Eu narcisista e, nem que seja na mais pequena fracção de segundo, olharmos para o Outro como um Outro de existência tão preciosa quanto a nossa, há que lhe conferir máxima importância, no fundo exercer a tolerância.


Neste sentido, é imprescindível considerar critérios universais, valores que possam ser cumpridos por toda a sociedade e que, da melhor forma, possam servir os interesses da maioria; se assim o é, como é possível e louvável não reconhecer, pior, não compreender o sofrimento, a angustia, ansiedade que é ser confrontada com uma gravidez não desejada? Nem toda a gravidez é planeada e não é por isso que muitos casais não deixam de ter filhos, antes pelo contrário, e que fique bem claro que para mim esta é a melhor das resoluções, contudo nem todos estão na posição de sustentar e criar uma criança e a verdade é que nem todos o querem fazer; a realidade, embora dura, é que não é uma lei que penaliza as mulheres por realizarem o aborto que vai remediar, ou por outra, contornar a questão. Essa lei tem existido e até hoje o problema se mantém de pé, a única coisa que se tem feito foi dissimular e contornar os rebordos com uma moldura mais elegante. Por hipocrisia, vamos permitir que 5.000 mulheres, por ano, em Portugal, sofram de complicações, consequência de abortos mal feitos? E vamos considerar que uma mulher seja condenada pela prática deste acto? Não me parece que seja a melhor solução, até porque quem toma a decisão de abortar, que nunca é feita de animo leve, fá-lo-á independentemente da legislação implementada, com a diferença de que se continuarmos a insistir no que até aqui então temos feito, o número de mulheres vítimas de abortos mal feitos só terá tendência para aumentar.


Há que considerar que o que está em causa é a D-E-S-P-E-N-A-L-I-Z-A-Ç-Ã-O do aborto, o que não é sinónimo de pura liberalização, como muitas vezes os partidários do "Não" querem fazer parecer, de resto o seu único argumento mais ou menos válido é o de que um feto é uma vida humana. O facto é que essa é uma afirmação apenas verosímil, o que não se traduz totalmente na verdade, porque os critrérios utilizados para definir o que é uma vida humana são ainda um campo obscuro da ciência. Oiço muitas vezes dizer que "ali bate um coração", mas então porque não considerar também um assassino a quem decide "desligar a máquina", da qual depende um ser humano em coma? Para quem não sabe, em estados de coma profundo, embora o indivíduo não registe actividade cerebral, o seu coração continua a bombear sangue...Como definir o que é a vida e a morte? Talvez se soubéssemos responder a esta questão, todo este tema seria de resolução muito mais fácil...


Seria bom que a questão do aborto nem existisse, mas a verdade é que ignorá-la é predispormo-nos a viver numa utopia; ela existe e se existe há que admiti-la e não reforçar a tamanha hipocrisia de quem pretende não tomá-la como realidade.