sábado, junho 30, 2007

Um beijo!



(Finalmente pude compreender a tua dor! Agora sim...)

Não importa quantos te olhem de lado, que te condenem, não é o teu corpo quebrado que te faz indigna, nem tão pouco a morte que carregas nas tuas mãos...Tudo te torna intensamente cativante!
Quantos se atreveriam a doar-se em puro à dor severa de Amar? E que confundam os teus ollhos esgazeados de locura com a incapacidade mental de raciocinar, porque ambos sabemos por quanta pobreza estão assombrados, essa tua magnitude em sentir é uma ode à vida que jamais ninguém soube dar!
E hoje, só hoje, posso ter-te, sei que não vais fugir, porque hoje, por hoje, cedi-te uma alma inteira para que te transfigurares nesse mundo real que não te entende! Sossega, hoje, saberei-te amar...Choraremos os dois!

A ti mulher esquecida!

sexta-feira, junho 15, 2007

Vou escrevendo devagar, devagarinho, em silêncio sonoro, em canto de vocábulos, em metáforas, hiperboles, sinestesias..Vou buscando isto aqui, aquilo ali, vou torcendo tudo em imaginação com laivos de realidade, na esperança que não a interpretes, para que continue na solidão uniforme, num monólogo sem plateia, cujo o destinatário está longe, tão longe...


Quero te guardar num recanto bem escondido de mim, na ânsia de te preservar numa realidade mais que cândida, só para que não vejas, não oiças, não toques, não percebas o antro dissoluto que me serve de molde: uma veste quebradiça e suja que me torna encardida, feia! Só para que não fujas, ergo um manto como a noite, mascarado com estrelas do céu que chamei para te ver sorrir...

quinta-feira, junho 14, 2007

Harmonia: Entropia e eu!


Todos os sistemas naturais, que ocorrem espontaneamente, tendem para uma maior entropia, ou seja, para um maior estado de desordem (2º lei da termodinâmica).

Finalmente encontro uma explicação plausível, ainda melhor, científica para o meu desiquilibrio!!!

A Física compreende-me, estou em harmonia!

quinta-feira, junho 07, 2007




E ficou de braço esquecido, erguido para o infinito, à espera de quem o agarrasse, de quem o afagasse com um calor de quem ama e não teme. Sim, esperou, espera!
Foi há tanto tempo que lá a deixei, num ímpeto de a preservar numa recordação inabalável, numa imagem cândida, que de outro modo apodreceria em mim...E fico fitando-a, absorta naquele figurino que exala um aroma sereno e musical de amor, e fico, fico só, fico julgando-a saber decor como nem a mim sei, fico crendo numa perfeição irreal, num amor que não se cança de amar.
Hoje despeço-me: fui feita de espuma salgada sem mar por onde se desfazer, fui erodida por um tempo àspero que "não me gosta"; cambaleando segura nos braços da solidão procuro a morte, sei tão bem que vem para mim! Em sussurro, murmura-me baixinho: "Vem dançar comigo.".Eu vou.

Silêncio!!! Deixem-me morrer aos pouquinhos...




terça-feira, junho 05, 2007

Está a Trovejar...



Troveja e tanto que troveja!

Fico imobilizada, assustada, porque este som austero cinge-me com força e eu, bem pequenina, cerro os olhos na esperança do ingnorar, como se não soubesse já de antemão que voltaria...

Troveja e tanto que troveja!

Troveja em mim.

domingo, junho 03, 2007

Está a Chover...



Vou fechar os olhos, vou suster a respiração, vou correr, vou parar, vou saltar, vou gritar...e querendo fazer tudo, acabo a não fazer nada...Enquanto chove só resta esperar.
Tanto que chove; se quisesse contar todas as gotas que em mim caem ameaçadoramente, pediria por uma vida eterna: organizá-la-ias por tamanhos, por tonalidades de transparência e talvez acabesse por amar este estado de incerteza e frieza!
Chove tanto, chove em mim!




sábado, junho 02, 2007

O MUNDO É UM PALCO




"O mundo é um palco:


E todos os homens e mulheres simples actores: têm as suas saídas e entradas, e, em vida um só homem tem vários papéis, tendo os seus actos sete idades. Primeiro o infante, berrando e bolsando no colo da ama; depois o aluno lamuriento, de sacola e cara lavada, pela manhã, arrastando-se contrafeito para a escola; depois o amante, suspirando como um fole, com uma balada triste para as sobrancelhas da amada. Depois o soldado, de juras estranhas e barba pantera: cioso da sua honra e pronto para a luta, procurando essa bola de sabão chamada glória, mesmo na boca de um canhão. Depois vem a justiça, de bela barriga inchada à custa de capão, de olhos severos e barba bem cortada, todo ele é provérbios sábios e lugares-comuns; E assim cumpre o seu papel. A sexta idade vem de calças magras e chinelos, óculos na ponta do nariz, bolsa a tiracolo e grevas conservadas da juventude, imensas para as pernas mirradas; e o seu vozeirão másculo, regressando ao tremor da infância, modula-se em chiadeira e assobios. A cena fecha, esta estranha e acidentada história é a segunda infância e total oblívio, sem dentes, sem olhos, sem gosto, sem nada."


Foi assim que Shakespeare olhou o mundo, foi assim que Shakespeare tornou real a analogia perfeita da vida das mil e umas personagens: oh teatro, nós curavamo-nos perante ti!




Lembro-me ainda de quando o início se fez anunciar ao grande palco, foi sublime porque me trouxe para junto de todos vós: as personagens mais pitorescas que podiam contracenar por todos este actos (vividos e por viver)...

Ao início seguiu-se tantas outras cenas, fomo-nos tornando aos poucos mais modelados, a nossa centralidade foi-se revelando, estávamo-nos,inconscientemente, interprentando-nos simultaneamente, estávamo-nos adornando em vestes coloridas e com um gosto saudoso de perenidade: dera-se forma à amizade; e nesse dia, outrora e agora, fora Ela que brilhara nas luzes da ribalta!

Multiplicamo-nos em tantas outras vidas, de súbito pintavamos a mesma obra que Deus e das nossas mangas faziamos deslizar laivos de humanidade: O Berto, O trabalhador 1, 2 e 3, o Vladimir, o Estragon, o professor e a rapariga, a Momina, a Diva, a Cassandra...tantos, mas tantos...
Que não sejam esquecidos todos os ensaios, todos os improvisos surreais que se arrastavam até à uma da tarde, todas as vezes que um simples olhar nos condenava ao riso desmedido, todas as conversas ao fundo da sala( essas que se pronunciavam sempre de mansisnho até que lhes perdiamos o controlo e,sem menos esperar, eramos silênciados, em tom de reprovação), todas as falhas de texto, mesmo as de palco, todo o nervosismo que fazia amarmo-nos um pouco mais, todas as vezes que me faltou a voz (lamento), todos os exercícios de relaxamento da Mariana, todos os abraços da Élia, todas as pizzas do Miguel e todo o seu animo, todas as gargalhadas da Elisa, todas as palavras sábias da Leonor, todas as histórias da Raquel, todo o cepticismo do Jorge (que nos mantém de uma forma ou outra numa agitação desenvolta), todo o stress da Ana, mas toda a sua ternura para connosco, todos os sorrisos da Madalena, Rita, Inês, Mariana Prazeres, Martim,José, Sara: ali somos um Todo que não se cança dos mesmos rostos, nem das mesmas piadas, temos o gosto de cada um cravado na alma.

Um dia serei eu que vos admirarei sentada na fronteira, que agora nos torna irmãos, aplaudir-vos-ei, com muito gosto, com tanto gosto...Com toda a certeza brilharam, já fazem-no!

Gosto de todos vós! "Gosto-vos" com um gosto mais apurado de felicidade.

Esta é a minha última cena, trago comigo saudade, saudade, saudade...!








O SONHO


Quem contar


um sonho que sonhou


não conta tudo o que encontrou


contar um sonho é proibido.




Eu sonhei


um sonho com amor


e uma janela e uma flor


uma fonte de água e o meu amigo.




E não havia mais nada...


só nós, a luz, e mais nada..


Ali morou o amor.




Amor,


amor que trago sempre em segredo


num sonho que não vou contar


e cada dia é mais sentido


Amor,


eu tenho amor bem escondido


num sonho que não sei contar


e guardarei sempre comigo.




Música perfeita dos Madredeus...


Um regalo aos tempos em que te amei em segredo.