domingo, junho 28, 2009

O dia em que Morreu

"Saw Cinderella in a party dress but
She was looking for a nightgown
I saw the devil warpping up his hands, he's getting ready for the showdown
I saw the ending where they turned the page
I threw my money and i ran away "

Em rigor a vida humana encontra-se compartimentada unicamente em três momentos distintos: o nascimento, a estagnação, a morte. Qualquer momento vive da fusão da essência dos mesmos: uma sucessão materializada em escolhas e NÃO-escolhas que num rasto silencioso e cego desenham o conto minúsculo, mas realmente incrível, de uma VIDA. Assim, nasce-se uma vez em carne e osso, embora o preciso número de vezes que uma essência, apelidada de EU, é dissolvida em absoluto (ou no parcial), que se reergue e admite do velho fazer novo, é INCONTÁVEL!

Quando a morte chega, geralmente nunca se espera por ela. Somam-se umas quantas unidades de tempo consumidas a meios de dias, de meses irregularmente distribuídos pelos anos, perguntando à clarividência elástica( de uma imaginação humana) detalhes de como surgirá e esta, em nos respondendo, regra geral, mente sempre.

Para Ela houvera indícios, mas assim como os olhos se cerram quando a luz exterior transcende a luminosidade regular, também a vista de dentro (do SONHADOR) escolhe a cegueira, quando o foco ameaça atingir a retina do SER.
Portanto, cegou e quando o clarão a alcançou já não havia qualquer forma de entender que a atingiria como um relâmpago (MORTAL): uma descarga de um potencial eléctrico demasiado elevado que, em pouco mais de segundos, navegara por todas as suas entranhas de alma.

A reacção comum de quem assiste e desconhece o fenómeno retratado é a simpatia pela amofinação do protagonista sofredor. No entanto, para qualquer entendido na matéria é lúcido que numa dor tão extrema o “mal” vem em impelir a alma a mergulhar num leito obscuro de substância plácida que, em a penetrando, sufoca-a e cala-a PARA SEMPRE. É a anestesia LETAL que torna o corpo OCO, os sonhos velhos e os ideais cansados.

Trespassada pela brancura cruel do raio, morreu só. sem ninguém que houvesse para a chorar. Não houve tempo para últimas palavras e a existir um último pensamento desprendeu-se cedo demais para que sequer se desse conta de o ter pensado.
Deixou o corpo deambulando pela rua. Este corre-as e também os passeios e as estradas, na alvorada da noite, em busca de uma alma que, em não tendo corpo, o queira ocupar. Procura por uma que lhe entre de mansinho, uma modesta e razoável, só porque tem um coração que bate depressa demais…

Não sabe que o vejo todas as noites e que o intento procurar assim que…assim que souber EXACTAMENTE como RENASCER!
Em tal dia, havemos de celebrar o DIA DA SUA MORTE e agradecer ao rapaz carcereiro que lançou o trovão,

ate lá…


"Now Cinderella don't you go to sleep
It's such a bitter form of refuge
Oh don't you know the kingdoms under siege
And everybody needs you
Is there still magic in the midnight sun,
Or did you leave it back in sixty-one?
In the cadence of a young mans eyes.
Out where the dreams all hide"