quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Agora!






Sem rodeios, sem floreados metafóricos, sem comparações e personificações vanguardista (ou eruditas), digo: Hoje sinto-me Triste! e se há pecado nisso, então deixai-me no mais fundo do quinto dos infernos...Deixo o paraíso aos mais crentes.


E se estou triste, estou triste, e se sou melancólica, sou melancólica, e se me olham como um poço de amarguras, prometo escavar mais fundo, para que ao me espreitarem vejam tudo quanto não sou...prometo! E hoje, sim, estou triste!


A febre que me toma o corpo, que me torna sombra indolente e rastejante, lança-me num mar de embriaguez, onde flutuo sobre o mais fino e quebradiço grão de vida. As palavras, essas palavras não faladas, palavras soluçadas, que se contorcem por sair num exacto instante, que se projectam num grito exausto, são palavras de uma mente que não sabe satisfazer uma realidade lisa e impávida. Deitar-me? Deito-me. Eis os pensamentos em eterno rodopio, misturam-se em memórias cruéis que ao fechar as pálpebras, tomam o sinal e puxam o gatilho do pesadelo. Então vou permanecer estática; então? Hoje estou triste!


Mas, se hoje digo o que somente se concretiza num exacto momento, se falo honrosamente na palavra "verdade", a verdade é que essa febre, esse delírio e dilúvio não existem, por alguma razão permaneço conscientemente escrevendo um "ode" a um sentimento, que verdade seja dita, não é de todo tão magnânimo...Pois que não seja, que venha apenas em pequenas porções, se o sinto, sinto...sofrer também é um sufrágio universal e hoje, Hoje é um daqueles e particulares tempos em que não concorro à abstinência!