terça-feira, janeiro 02, 2007



Floribella


Por ocasião decidi ligar o televisor, decidi saltar e correr entre canais, anúncios de todo aliciantes, a correria que acalma, estagno em frente do ecrã, quase em absoluta reverência, hoje em dia as pessoas já não acreditam em Deus, substituíram-no pelo maravilhoso aparelho, afinal de contas sabe tanta coisa, fala tantas línguas e quando damos por nós ( a quem pretendo enganar???Aparelhozinho maravilha que não dá lugar à consciência) sacrificamos vontade, sacrificamos razão, sacrificamos anos de evolução, tudo em plena homenagem! Adulação. Ave Maria!
Após ter abarrotado todo o meu sistema nervoso com uma inumerável informação consumista, (um dia ainda irão descobrir qual o neurotransmissor responsável pela propagação da contagiosa manipulação, a indegistão irreflectida, e que entope o cérebro com lixo), sou invadida por um colorido de imagens berrantes, uma música do género "feira-popular", interrompendo o tal estado latente ao qual me submetera (tudo em nome do Aparelhozinha Maravilha, Ave Maria!); surge então uma rapariguita, cujo nome é hoje em dia tão conhecido, Floribella, que fala impressionantemente alto, denotando um constante mau humor, que esbofeteia orgulhosamente a gramática portuguesa e que mantém relações confusas com o patrão, o qual trata com tanta familaridade que será impossível sequer não questionar qual a sua posição hierárquica na tal casa. Enfim, nada que não fuja às banalidades das novelas, isto se não fosse a tal Floribella o modelo propagandeado, o qual todas as meninas devem seguir, um fenómeno sem dúvida curioso. De repente lá se foram os filmes da Disney, cuja as histórias derivaram na sua grande parte de contos de Andersen ou dos irmão Grim, os valores estão hoje por conta da TV e, em parte, à menina Floribella. Ave Maria!
Analisando a situação, as meninas Floribellas do futuro, a próxima geração, usaram penduricos engraçados, saias folheadas e caracóis no cabelo, com muitas, muitas, muitas Florzinhas! Terão um cem número de relações amorosas, com um cem número de sujeitos, não porque a paixão proliferará como a malária, mas sim por incapacidade e maturidade para assumir e compreender sentimentos, apostaram em joguinhos de sedução primários,vão choramingar pelos cantos até que uma árvore mágica miraculosamente resolva todas as situações. As Floribellas a aumentarem, a racionalidade a extinguir-se! Depois, que será feito dos restantes? só num jardim zoológico, que só se irá manter porque os Floribella e sua banda vão fazer muitos concertos Hiper-mega-ri-fixes para angariar fundos!
Por isso, por tudo, por nada, porque os heróis de hoje são a credibilidade ilusória e infantil de amanhã, vamos dar graças aos que ainda conseguem comandar introspecções pessoais, que são capazes de manter a sanidade mental. Ámen.

5 pegadas:

Mariana disse...

Eu adorava ter um patrão como o Frederico. Ele nunca iria me despedir por causa da tensão pré menstrual. Podia gritar com ele à vontade, não era?

Apple disse...

Todos queriamos patrões assim, era uma maravilha...Facilidades todos as queremos! Mas o que seria da gratificação sem o savrifício?

Analog Girl disse...

Era suposto a Floribella ser um conto de fadas dos tempos modernos, mas acaba por se tornar na realidade de tempos antigos: falta de honestidade e sinceridade nas relações, o uso de clichés que datam desde antes dos anos 80 são apenas duas delas.

No inicio pareceu-me um projecto dotado de alguma originalidade e frescura na tv portuguesa, mas agora é precisamente o que de mais podre há por aí.

E o que me choca foi ter lido no outro dia que no final há a possibilidade de a Flor não ficar com o principe encantado, remetendo àquilo que já referiste: a quebra ou desistência nas relações só porque há obstáculos no caminho. Cada vez mais se incentiva a promiscuidade, estou a ver, e a pior das raparigas promiscúas é a que o faz com ar de santinha da paróquia da esquina.

E é isto que influencia as meninas que vão ser mulheres amanhã...uff

Desculpa o discurso! Bom ano
Joana (irmã da Mariana)

Anónimo disse...

concordo plenamente contigo, e vou repetir uma coisa que tu já disseste: "lá se foram os filmes da Disney"! As crianças hoje em dia já não ligam nada a estes filmes maravilhosos que são, eles sim, verdadeiros contos de fadas. Mas eu, pelo menos, vou continuar a vê-los a todos =)
beiinhos grandes **

p.s:e depois ainda há a rua sésamo! Esse sim era um programa de tv como de ve de ser, que devia voltar a dar, para pessoas como nós o recordarmos =P *

Analog Girl disse...

A rua sésamo já dá na rtp2 de manhã! Vejam! Acho que é o melhor comeback dos últimos anos!