sábado, junho 02, 2007

O MUNDO É UM PALCO




"O mundo é um palco:


E todos os homens e mulheres simples actores: têm as suas saídas e entradas, e, em vida um só homem tem vários papéis, tendo os seus actos sete idades. Primeiro o infante, berrando e bolsando no colo da ama; depois o aluno lamuriento, de sacola e cara lavada, pela manhã, arrastando-se contrafeito para a escola; depois o amante, suspirando como um fole, com uma balada triste para as sobrancelhas da amada. Depois o soldado, de juras estranhas e barba pantera: cioso da sua honra e pronto para a luta, procurando essa bola de sabão chamada glória, mesmo na boca de um canhão. Depois vem a justiça, de bela barriga inchada à custa de capão, de olhos severos e barba bem cortada, todo ele é provérbios sábios e lugares-comuns; E assim cumpre o seu papel. A sexta idade vem de calças magras e chinelos, óculos na ponta do nariz, bolsa a tiracolo e grevas conservadas da juventude, imensas para as pernas mirradas; e o seu vozeirão másculo, regressando ao tremor da infância, modula-se em chiadeira e assobios. A cena fecha, esta estranha e acidentada história é a segunda infância e total oblívio, sem dentes, sem olhos, sem gosto, sem nada."


Foi assim que Shakespeare olhou o mundo, foi assim que Shakespeare tornou real a analogia perfeita da vida das mil e umas personagens: oh teatro, nós curavamo-nos perante ti!




Lembro-me ainda de quando o início se fez anunciar ao grande palco, foi sublime porque me trouxe para junto de todos vós: as personagens mais pitorescas que podiam contracenar por todos este actos (vividos e por viver)...

Ao início seguiu-se tantas outras cenas, fomo-nos tornando aos poucos mais modelados, a nossa centralidade foi-se revelando, estávamo-nos,inconscientemente, interprentando-nos simultaneamente, estávamo-nos adornando em vestes coloridas e com um gosto saudoso de perenidade: dera-se forma à amizade; e nesse dia, outrora e agora, fora Ela que brilhara nas luzes da ribalta!

Multiplicamo-nos em tantas outras vidas, de súbito pintavamos a mesma obra que Deus e das nossas mangas faziamos deslizar laivos de humanidade: O Berto, O trabalhador 1, 2 e 3, o Vladimir, o Estragon, o professor e a rapariga, a Momina, a Diva, a Cassandra...tantos, mas tantos...
Que não sejam esquecidos todos os ensaios, todos os improvisos surreais que se arrastavam até à uma da tarde, todas as vezes que um simples olhar nos condenava ao riso desmedido, todas as conversas ao fundo da sala( essas que se pronunciavam sempre de mansisnho até que lhes perdiamos o controlo e,sem menos esperar, eramos silênciados, em tom de reprovação), todas as falhas de texto, mesmo as de palco, todo o nervosismo que fazia amarmo-nos um pouco mais, todas as vezes que me faltou a voz (lamento), todos os exercícios de relaxamento da Mariana, todos os abraços da Élia, todas as pizzas do Miguel e todo o seu animo, todas as gargalhadas da Elisa, todas as palavras sábias da Leonor, todas as histórias da Raquel, todo o cepticismo do Jorge (que nos mantém de uma forma ou outra numa agitação desenvolta), todo o stress da Ana, mas toda a sua ternura para connosco, todos os sorrisos da Madalena, Rita, Inês, Mariana Prazeres, Martim,José, Sara: ali somos um Todo que não se cança dos mesmos rostos, nem das mesmas piadas, temos o gosto de cada um cravado na alma.

Um dia serei eu que vos admirarei sentada na fronteira, que agora nos torna irmãos, aplaudir-vos-ei, com muito gosto, com tanto gosto...Com toda a certeza brilharam, já fazem-no!

Gosto de todos vós! "Gosto-vos" com um gosto mais apurado de felicidade.

Esta é a minha última cena, trago comigo saudade, saudade, saudade...!








5 pegadas:

Mariana disse...

Tocas-me com as tuas palavas. O que sinto neste momento é aquela tristeza que já devia ter começado a sentir mas que só agora me apercebi.. às tuas palavras em tom de despedida (mesmo que nao sejam) só consigo responder da mesma forma. A amizade que me envolveu nestes dois ultimos anos foi fulcral para o meu crescimento não só dentro da disciplina teatral mas também dentro da vida. Sinto que aí dentro não há espaço para descriminação, desaprovação, desrespeito... Somos todos um só, como referiste, e agimos como uma só personagem neste grande palco que é a vida... Para isso nos congratulo pela forma como temos levado as nossas duas horas (por vezes tres) semanais e as nossas peças também. E permite-me aplaudir-te pela forma tão admiravel como conduzes a tua vida, mesmo que dentro de te sintas desgastada ou cansada. Há sempre aí, espaço para um sorriso, um abraço, alguma forma de carinho que sempre nos aquece o coração...há sempre espaço para o teatro *

Anónimo disse...

Cristina, mal vi o titulo deste texto e a fotografia que vem logo a seguir, senti uma vontade enorme de sorrir e chorar ao mesmo tempo, senti vontade de te dar um daqueles grandes abraços. É incrivel a amizade que se desenvolveu entre nós, durante estes anos, a amizade que nos leva a agir como um Todo e que faz com que exista toda esta cumplicidade entre nós, dentro e fora do palco.
Mesmo que nos continuemos a ver (como eu tenho a certeza que sim) vou, para sempre, sentir saudades destas manhãs de sábado, sempre animadas e divertidas, das nossas conversas ao fundo da sala (como tu já referiste), dos nossos improvisos que, ou não tinham graça nenhuma ou nos faziam rir durante as duas horas inteiras, do nervosismo da Ana nas vésperas das peças, de todos os nossos disparates, das nossas gargalhadas, dos nossos sorrisos e das nossas festinhas nos dedos! =) Nunca me vou esquecer deste grupo, destas pessoas, desta professora/encenadora! Vão todos ficar para sempre no meu (e no teu também tenho a certeza que sim) coração!
Adoro-vos a todos =D *

Mariana disse...

No meu coração tb éliazinha =)

**

Anónimo disse...

ah, vamos ficar todos nos corações uns dos outros =P *

Anónimo disse...

cris...n sabes o quanto adorei este texto....significa muito...contnua a escrever...nunca pares...e n digss que é o teu ultimo acto...ou cena...pk n é...nos todos adoramoste...
mas quem é a alma que n consegue amart...ninguem...so akelas que para aí andam cheios de inveja e egoismo, hipocrisia, cininsmo...e mesmo asim essas nem merecem amarte...sabes que escreves divinalmnt...e isso é um facto...toda a tua energia é brutal...é simlplsmnt estrondosa a um mais alto nivel...quem dera a muitos escreverem como tu...quem dera...e n é so a escrita...tu propria representas excepcionalmnt...as pessoas deviam verte...tu és unica cris...ja t disse mais mil vezes...tu es, sempre seras a minha mana...n t quero perder, n m quero afastar de ti...pk tu sabes ...ja sao poucas as vezes que nos vemos...e mesmo assim...apesar d poucas, n chegam para contar as nossas coisas...pois é cris, estamos a ficar velhos...é verdade...ainda á uns anitos nós eramos uns miudos...ainda m lembro de ter dito todo contente que ia pro 8º ano...e que tavamos tao crescidos..lol...nda se compara agr n é...tenho saudades de tudo...das nossas tardes,, dos nossos momentos, com a sara, sempre a ver qunado passavam os seus "idolos"...o quanto era bom ás vezes n crescermos e ficamros na ignorancia e mantermonos seMpre crianças...adorote..quanto ao texto ta lindo...sem palvras...simplesmnt tu...mas cris...n te despeças pk o teu grande numero um dia vai estrear e vais ver que vais rebentar de casa cheia...e nós vamos la estar so pra te ver brilhar...é sempre uma honra terte como amiga e um orgulho que nem imaginas...quem n t conhece devia te conhecer...cris estaras sempre nos nossos coraçoes cris...AMOTE MINHA MANA...