20 de Agosto de 2008
Dói saber que se escreve com destinatário definido e, ainda assim, faze-lo com a certeza de que estas palavras serão irremediavelmente de mim para mim...
Passou-se o tempo e o meu corpo apodreceu mais uns anos. Gastou-se o tempo e o teu rosto tomou o lugar desse mesmo que se gastou (o tempo é neste mundo o que nunca se vai...): continuo vendo em mim o teu doce e profundo sorriso, ainda espero ver os teus olhos fechando-se só porque ris!
Deitei fora o teu diário. Depois do enérgico SOS que nele desenhei e sabendo eu que me havia tornado Robinson Crusoe e tu a maré dos naufrágios, havia que terminar o conto com a única forma de dignidade que ainda achava em mim: "Adeus!" . Foi assim e Morremos. Morreu o "uno" de que se fazia o nosso ser humano potente...Disjuntos somos só Eu-Tomás e Tu-Olívia. Resta-nos o frio gelado da metade que se foi e a certeza de que no mundo dos Deuses somos agora um esboço riscado e traçado a vermelho( há um golpe que não sara no coração), tão, mas tão rasgado!Resta-nos? Perdoa-me, Resta-me! E "resta-me" ainda mais por saber que fui eu que te beijei a face em despedida.
Sei de ti. Hoje, ainda sei de ti. Todas as vezes que posso, deixo-me estendido, por detrás do que seja, vendo-te chegar. Assim, apercebo-me que neste mundo ainda, Olívia, estás e de que na minha lembrança não ficou meramente o teu rosto intelectualizado. Quero-o verdadeiro, inteiro..Quero-o perfeito, como todas as rosas que te tenho colhido por todos estes anos (e nunca soubeste delas..). Os laivos de ti, fazem-me saber-te viva e cada vez menos minha, isto porque de certo não há laivos meus porque procures... Chego a amaldiçoar todos os outros que te podem adivinhar mais que viva! Creio então ser o teu Lucifer, anjo corrompido que te vigia os sonhos e te cinge (em desejo) da vida..
Tomás
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