quarta-feira, dezembro 19, 2007


Para: Olívia, a bailrina.

Rua do tempo imóvel de piratas e marujos.


De: Tomás, o guardador de rebanhos.

Rua das memórias irrequietas, montadas em cavalos de palha.



O que o "Monte da Forca" nos contou, jamais narrei a ninguém. Ficou guardado em mim como o momento em que tu e eu superámos a densidade do universo: meu deus, fomos tudo!
Recordo ainda com fulgor nostálgico o dia depois, em que ludribriavamos o sermão austero que tanto os meus como os teus pais nos haviam pregado...de resto, tudo mais se empalideceu.
Eras como os dentes de leão daquela serra, a brisa suava-te como um marcha pelo mundo inteiro. Lembro-me de tantas vezes olhar nos teus olhos e neles ver espelhada a distância de terras alheias. De cada vez que te via, tinha o cuidado de fixar todo o teu gesto e ser, todas as vezes eram como se fossem a última.
Hoje se te visse pedir-te-ia para montarmos o nosso cavalo mágico, feito de palha, e calvagarmos por todas essas terras que tu criaste e eu vi nos teus olhos.

Assinado: Tomás, o guardador de rebanhos.